Pesquisadores apresentam trabalhos sobre a Sífilis

No dia 11 de março de 2019, pesquisadores do LAIS e do NESC/UFRN participaram da 1ª edição do Seminário de Pesquisa do Projeto Sífilis Não. O evento foi promovido pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) em parceria com o Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC). O grupo apresentou os projetos que estão sendo desenvolvidos no âmbito acadêmico da iniciativa, em parceria com o Ministério da Saúde. As pesquisas apresentadas trarão resultados práticos para o Projeto.

Workshop de pesquisa - Projeto Sífilis Não

Publicado por LAIS (HUOL) em Quinta-feira, 21 de março de 2019

Equipe de Portugal vem a Natal para seminário de pesquisa

Professoras da Universidade Aberta de Portugal (UAb) estiveram em Natal participando de um seminário com pesquisadores do LAIS, do NESC e do Ministério da Saúde vinculados ao Projeto Sífilis Não. Os mestrandos e doutorandos discutiram os projetos com as professoras e assistiram a palestras.

Notas

Comunidade Cigana

A sífilis foi tema de um trabalho desenvolvido com a comunidade cigana no município de Sousa, na Paraíba, onde está a maior população cigana do Brasil. Durante o bate- papo, cerca de 10 pessoas da comunidade tiveram oportunidade de conversar e obter informações com representantes da gerência regional da saúde, das secretarias estadual e municipal de saúde e do Projeto Sífilis Não, por meio da apoiadora no estado, Luciane de Fátima Fernandes de Carvalho.

Entre os temas conversados, estava a Política Nacional de Atenção Integral do Povo Cigano/Romani. De acordo com Luciene de Carvalho, a demanda surgiu da articulação com o Instituto Cigano do Brasil. “No território em que atuo como apoiadora do Projeto não há comunidade cigana. Mas levei a situação para a gerência de atenção à saúde da Paraíba, que nos deu total apoio para desenvolver a atividade”.

Uso da penicilina

A rede pública de saúde municipal de Natal ainda não trabalha com a administração da penicilina em casos de sífilis. Até o momento, todos os casos suspeitos ou confirmados da infecção são direcionados para a rede estadual ou para a Maternidade Januário Cicco, quando é o caso. Para mudar esse quadro, estão sendo desenvolvidas diversas ações de qualificação e conscientização com os profissionais da saúde básica, atuantes na rede municipal de saúde da capital potiguar. Estão sendo realizados encontros com esses profissionais, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, com a participação de médicos infectologistas falando sobre o manejo da sífilis.

A ação, que está sendo desenvolvida nas quatro regiões da cidade de Natal, tem como principal objetivo qualificar as equipes da atenção básica, fortalecendo as ações de prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e segmentos, com a administração de penicilina nas unidades básicas de saúde. Toda a ação conta com a coordenação da apoiadora do Projeto Sífilis Não para Natal e Parnamirim, Chyrly Moura.

Encontro Regional Centro-Sul da ABCiber

O pesquisador Arthur Barbalho, do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), participou durante os dias 4 e 5 de abril do II Encontro Regional Centro-Sul da Associação brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCiber), realizado na Faculdade Paulus de Comunicação (FAPCOM), em São Paulo. Na ocasião, ele fez a apresentação do artigo "Emprego do WhatsApp para viralização de conteúdo voltado a gestantes: o caso do Projeto Sífilis Não", como parte das ações de pesquisa científico- acadêmica em comunicação do projeto. O pesquisador falou dos desafios do processo comunicativo entre profissionais e pacientes no que diz respeito ao cuidado e prevenção da sífilis na atenção básica. Arthur é aluno do programa de Mestrado em Relações Interculturais da Universidade Aberta de Portugal (UAb/PT) e é coorientado pela professora Lilian Muneiro, do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (NESC/UFRN).

Análise de Atenção e Vigilância

Uma equipe de pesquisadores do NESC está elaborando um projeto denominado “Análise do grau de integração das práticas de Atenção e Vigilância no enfrentamento à sífilis”. O objetivo é analisar cenários e intervir na qualidade da integração da Vigilância epidemiológica com a Atenção Básica. A necessidade de uma maior integração entre essas áreas foi a solicitação mais contundente nos Seminários Interfederativos, segundo Celeste Rocha, especialista em Saúde Pública e integrante do NESC. Além de Celeste, Lavínia Uchoa, Ewerton Brito, Tatiana Rosendo e Miranice Crives estão envolvidos na pesquisa.

Análise de Atenção e Vigilância II

Os professores Ewerton Brito e André Bonifácio são responsáveis pelo projeto “Análise das estratégias da gestão municipal da saúde para o enfrentamento da sífilis”, que contemplará os 72 municípios atualmente trabalhados na estratégia de resposta rápida à sífilis nas Redes de Atenção no Brasil. Corroboram na pesquisa Gizileide Nascimento, sanitarista e graduanda em Nutrição pela UFRN, Tainara Ferreira, Giuliano Pessoa e Miranice Crives. Os pesquisadores compilam informações dos Planos Municipais de Saúde de 2014 a 2018.

Tendências das sífilis adquirida, em gestantes e congênita no Brasil: retrato do crescimento da epidemia treponêmica

Kênio Costa de Lima – pesquisador do Projeto de Resposta Rápida à Sífilis

A contaminação pela bactéria da sífilis está entre as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns, sendo transmitida principalmente a partir do ato sexual desprotegido, como também da mãe para o feto. Portanto, a sífilis pode contaminar tanto a população geral como também as gestantes e causar sérios riscos aos recém-nascidos. Sem o devido tratamento pode provocar situações clínicas graves, levando à morte das pessoas contaminadas.

Nossos dados mostraram que, no período de 2011 a 2017, a sífilis em municípios prioritários teve um crescimento significativo de 30,91% no intervalo analisado, enquanto nos municípios não prioritários, o crescimento foi ainda maior, de 36,17%. Ao avaliar as regiões do país, a sífilis adquirida vem crescendo de maneira mais forte na Região Sul, chegando a 60,38% no intervalo avaliado. A segunda região de maior crescimento é a Norte, com 44,93%.

Quando avaliamos o comportamento da sífilis em gestantes no período de 2007 a 2017, podemos observar que o crescimento foi estatisticamente significativo – 25,65% nos municípios prioritários e 23,57% nos municípios não prioritários. Nas regiões, o crescimento se repete, com destaque para a Região Sul, que teve um aumento de 30,78%, seguida da Região Sudeste, com 28,42%.

Por fim, a avaliação da sífilis congênita no período de 2007 a 2017 demonstra um crescimento significativo de 15,75% nos municípios prioritários e de 20,43% nos municípios não prioritários. Na avaliação das regiões do país, o crescimento é ainda maior, com destaque novamente para a Região Sul, que apresentou um crescimento de 26,28%. Na segunda posição, destaca-se a Região Centro-Oeste, cujo aumento foi de 19,06% no período analisado.

É evidente o crescimento da sífilis adquirida, em gestantes e congênita nas nossas avaliações, cujo impacto na saúde pública é preocupante. Portanto, financiar medidas de promoção à saúde e prevenção da infecção devem ser prioridade, principalmente estratégias que aprimorem as Redes de Atenção à Saúde, tanto no fortalecimento da qualidade da assistência à gestante, como na atenção voltada a populações vulneráveis.

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